Mutações em um Ecossistema
A flexibilidade de um ecossistema é uma conseqüência de seus múltiplos laços de realimentação, que tendem a levar o sistema de volta ao equilíbrio sempre que houver um desvio com relação à norma, devido a condições ambientais mutáveis. Por exemplo, se um verão inusitadamente quente resultar num aumento de crescimento de algas num lago, algumas espécies de peixes que se alimentam dessas algas podem prosperar e se proliferar mais, de modo que seu número aumente e eles comecem a exaurir a população das algas. Quando sua principal fonte de alimentos for reduzida, os peixes começarão a desaparecer. Com a queda da população dos peixes, as algas se recuperarão e voltarão a se expandir. Desse modo, a perturbação original gera uma flutuação em torno de realimentação, o qual finalmente, levará o sistema peixes/algas de volta ao equilíbrio.
Perturbações desse tipo acontecem durante o tempo todo, pois coisas no meio ambiente mudam durante o tempo todo, e, desse modo, o efeito resultante é a transformação contínua. Todas as variáveis que podemos observar num ecossistema – densidade populacional, disponibilidade de nutrientes, padrões meteorológicos, e assim por diante – sempre flutuam. É dessa maneira que o ecossistema se mantém num estado flexível, pronto para se adaptar a condições mutáveis. A teia da vida é uma rede flexível e sempre flutuante. Quanto mais variáveis forem mantidas flutuando, mais dinâmico será o sistema, maior será a sua flexibilidade e maior será sua capacidade de se adaptar a condições mutáveis.
Todas as flutuações ecológicas ocorrem entre limites de tolerância. Há sempre o perigo de que todo o sistema entre em colapso quando uma flutuação ultrapassar esses limites e o sistema não consiga mais compensá-la. O mesmo é verdadeiro para as comunidades humanas. A falta de flexibilidade se manifesta como tensão. Em particular, haverá tensão quando uma ou mais variáveis do sistema forem empurradas até seus valores extremos, o que induzirá a uma rigidez intensificada em todo o sistema. A tensão temporária é um aspecto essencial da vida, mas a tensão prolongada é nociva e destrutiva para o sistema.
Essas considerações levam a importante compreensão de que administrar um sistema social – uma empresa, uma cidade ou uma economia significa encontrar os valores ideais para as variáveis do sistema. Se tentarmos maximizar qualquer variável isolada em vez de otimizá-la, isso levará, invariavelmente a destruição do sistema como um todo.
Uma compreensão se faz necessária para entendermos que o ecossistema do complexo lagunar da Lagoa do Sombrio, encontra-se em processo de deteriorização devido aos processos antrópicos pela falta do conhecimento da sua importância como valor potencial para manter o equilíbrio de todo o sistema de vida do extremo sul catarinense.
Fonte de pesquisa: Capra, Fritjof – The Web Of Life
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