domingo, 23 de março de 2014

Assassinos Econômicos 
Jhon Perkins pg 17


Vou apresentar aqui um pequeno pedaço de um documentário de Jhon Perkins, que esclarece bem a dialética entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Jhon Perkins descreveu a sua passagem por Quito, capital do Equador, quando a trabalho por uma multinacional, num relato que pretende esclarecer as manobras "comerciais" da elite dominante:

Quito, a capital do Equador, espalha-se sobre um vale vulcânico no alto da Cordilheira dos Andes, a 2.700 metros de altura. Embora eu já tenha viajado por essa estrada muitas vezes, nunca me canso desse cenário espetacular. De um lado, elevam-se paredões de rocha, pontuados por cascatas e bromélias resplandecentes. No outro lado, a terra despenca abruptamente em profundos abismos onde o rio Pastaza, uma das nascentes do Amazonas, segue serpenteando ate os Andes. Em 2003, parti de Quito numa caminhonete em uma missão como nenhuma outra que já havia assumido. Esperava acabar com uma guerra que eu mesmo tinha começado. Para eles, aquela era uma guerra pela sobrevivência de seus filhos e culturas, enquanto para nós  [da empresa multinacional] significava poder, dinheiro e recursos naturais. Era apenas uma parte da batalha pela dominação do mundos e dos sonhos de uns poucos homens gananciosos pelo império mundial. Isto é o que nós assassinos econômicos fazemos melhor: construímos um império mundial. Somos um grupo de elite de homens e mulheres que utilizam organizações financeiras internacionais para tomar outras nações subservientes a corporatocracia e  fazer funcionar as nossas maiores corporações e nosso governo e os nossos bancos.. Como os nossos equivalentes na Máfia, os Assassinos Econômicos fazem favores. Estes são em forma de empréstimos para desenvolver a infraestrutura - usinas de geração de eletricidade, estradas, portos, aeroportos ou parques industriais. Uma condição desses empréstimos é que as companhias de engenharia e de construção do nosso próprio país construam todos esses projetos. Na essência, grande parte desse dinheiro nunca deixa  os Estados Unidos; é simplesmente transferido das agências bancárias de Washington para escritórios de engenharia de Nova York, Houston e San Francisco. Apesar do fato de que esse dinheiro é devolvido quase que imediatamente as corporações que integram a corporatocracia (os credores). O país recebedor é requisitado a pagar todo o dinheiro de volta, o principal mais juros.  Se um Assassino Econômico for completamente bem sucedido, os juros são tão altos que o devedor é forçado a deixar de honrar os seus pagamentos depois de alguns anos. Quando isso acontece, então como a Máfia, cobramos nosso pagamento com violência. Isso inclui uma ou mais formas como: controle sobre votos na Organização das Nações Unidas, a instalação de bases militares, acesso a preciosos como petróleo ou o Canal do Panamá. É claro que o devedor ainda continua devendo dinheiro - e assim outro país é agregado ao nosso império mundial. Desde 1970, durante o período conhecido como o Boom do Petróleo, o nível oficial de pobreza subiu de 50 a 70%, o subemprego ou o desemprego aumentou de 15 a 70% e a dívida pública do país cresceu de 240 milhões para 16 bilhões de dólares. Entretanto se falhamos, uns tipos ainda mais sinistros entram em ação, os quais, nós os chamamos de chacais, homens cuja linhagem remonta diretamente aos impérios primitivos. Os chacais estão sempre presentes, espreitando nas sombras. Quando eles aparecem, os chefes de Estado são derrubados ou mortos em violentos "acidentes". Se por acaso, os chacais falham, como falharam no Afeganistão e no Iraque, então os antigos modelos ressurgem. Quando os chacais falham, jovens americanos são enviados para matar e morrer. (Perkins, 2005, p.17)