Microcrédito nasceu em Bangladesh
Na década de 1970, a escalada de
fome em Bangladesh matou 1,5 milhão de pessoas de inanição. Essa calamidade
originou um ato humano de revitalização, a criação do Banco de Aldeia.
Acreditando que “todo o ser
humano, mesmo descalço e mendigando na rua, era um empreendedor em potencial”,
Muhammad Yunus estabeleceu o princípio do “microcrédito”. O Banco Grameen
emprestava quantias irrisórias aos mais pobres, à gente sem terra, instrução ou
sem teto. Mais de 90% dos empréstimos eram concedidos a mulheres, muitas das
quais nunca haviam tido permissão dos companheiros para lidar com dinheiro em
espécie.
O professor Yunus foi prevenido
de que os pobres jamais pagariam os empréstimos, mas argumentou que, ao
contrário dos ricos, os pobres não poderiam correr o risco de não devolver os
valores, pois esses empréstimos eram sua única oportunidade de escapar da
penúria. Utilizando uma organização meticulosa e um sistema de reembolso dos
débitos adaptado às necessidades da aldeia e aos níveis de renda, o recorde de
recuperação do dinheiro emprestado pelo Grameen superou a 98%, cifra muito
maior do que a porcentagem reembolsada pelos empréstimos concedidos a
microempresas na Inglaterra. Vinte e cinco anos depois de sua criação, o
Gtrameen era um negócio de 1,43 bilhão de Libras, que emprestava a média mensal
de 21 milhões de libras. Os bancos de microcrédito inspirados nele
estenderam-se a cinquenta e oito países.
[Gilbert , Martin – A História do Século XX]
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